#3 Quando um bolo de laranja quebra uma maldição!
- Marcelo Honório

- 27 de abr.
- 3 min de leitura
Se na crônica anterior eu falei sobre estar fora de cena, nessa eu quero falar sobre o privilégio de ter tempo de tela e, mais do que isso, de me reconhecer como protagonista da minha própria história.

Foi no final de uma tarde de quarta-feira que Gioconda, minha amiga e vizinha, me mandou uma mensagem no WhatsApp: estava me chamando pra comer um bolo de laranja que ela tinha acabado de fazer — um dos meus preferidos.
Esse gesto, simples e afetuoso, me fez pensar no quão maravilhoso é estar cercado de gente querida. Gente que, com gestos como esse, me lembra que também sou um querido.
O texto de hoje é sobre isso: sobre rede de apoio. Sobre vozes que me abraçam, me sustentam e me potencializam nessa vivência gay de cada dia."
Gioconda, uma das grandes apoiadoras desse projeto literário, é uma mulher que surgiu na minha vida há menos de um ano. Não prometeu nada e entregou tudo. Entregou, na amizade, algo que todo gay gostaria de ter: escuta.
Ela sabia que meu dia estava sendo um inferno depois de ter protagonizado uma briga feia com o meu irmão (mas tudo bem, eu e ele já nos entendemos e às vezes rola um destempero com quem é também apoio).
E foi ali, sentando com ela à mesa da sua casa, que eu me senti aliviado, e com isso me veio um insight: mais do que escutar, Gioconda me devolve algo que o mundo tantas vezes tenta tirar de mim: a voz.
Em muitos momentos da minha vida, principalmente nos que eu mais precisava me expressar, o falar simplesmente sumia.
Às vezes, eu acho que todo gay já teve uma Úrsula na vida, sabe? Uma Úrsula que, silenciosamente, nos convence de que, pra viver, a gente precisa abrir mão da própria voz.
E eu sei que a vida não é um conto de fadas, que todo mundo sofre com alguma coisa, com alguma falta. Mas existem maldições que a gente consegue quebrar quando se tem uma boa companhia.
Gioconda, que também já perdeu a voz pra outros vilões da Disney, devolve a minha todos os dias.
E é aqui que eu te convido a pensar, pessoa que me lê: quem te devolve a voz quando ela some? E quem tenta calar? Essas são perguntas que vale sempre se fazer. Porque cultivar uma rede de apoio também é uma forma de se amar
Porque quando o mundo diz “cale-se”, é mágico encontrar alguém que diz: “pode falar, eu tô aqui.” E nessa rede que se forma entre afetos e afetados, entre quem ouve e quem encontra sua voz, eu entendo: talvez o protagonismo não esteja em brilhar sozinho no palco, mas em ter quem segure sua mão nos bastidores, te lembre da sua luz e diga que a história continua — e que ela ainda é sua.
Termino essa crônica agradecendo à Gioconda — e a todos os meus amigos, familiares, analisandos e seguidores que me apoiam, escutam e sustentam. Vocês fazem com que eu me sinta incrível. Tem muita gente que me salva nos bastidores da vida — e é por isso que sigo em cena.
Pra quem esperou pra saber sobre o que houve com Garibalda, vai ter que esperar mais um pouco, mas já adianto que ela está bem e que em breve ela aparece por aqui com a nossa amiga Dona Petúnia.
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